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História do Jiu-Jitsu

2000 AC – AS ORIGENS DO JIU-JITSU

Segundo alguns historiadores o Jiu-Jitsu ou “arte suave”, nasceu na Índia em meados de 2000 a.C., e era praticado por monges budistas. Preocupados com a autodefesa, os monges desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, neutralizando uma agressão sem necessariamente machucar o agressor. Envolvido por importantes princípios budistas como o de agir de um modo não-prejudicial ou da busca do domínio próprio e do esclarecimento, o Jiu-Jitsu atendeu muito bem as necessidades de defesa pessoal dos monges e se espalhou por toda a Ásia em direção a China e mais tarde ao Japão, seguindo a expansão do budismo no continente.



Embora seja seguro presumir que versões rudimentares do Jiu-Jitsu tenham surgido em muitas culturas e em diferentes momentos, foi no Japão feudal que a arte encontrou um terreno fértil que permitiu que ela se desenvolvesse e se estabelecesse como um estilo de combate muito difundido. Num país dividido pelo sistema feudal, com cada feudo tendo seu próprio grupo de guerreiros – os samurais – o Jiu-Jitsu se tornou uma habilidade de luta necessária para a sobrevivência de combate. Mas o termo Jiu-Jitsu não foi criado até o século 17 d. C., tornando-se, após esse período, um termo comum para uma grande variedade de treinamentos relacionados a luta corpo a corpo. O Jiu-Jitsu se desenvolveu entre os samurais como uma maneira de derrotar, sem o uso de armas, um adversário armado e protegido com armadura. Os praticantes aprenderam que os métodos mais eficazes de neutralizar um inimigo assumiam a forma de imobilizações, chaves em articulações e quedas. Estas técnicas foram desenvolvidas em torno do princípio do uso da energia de um agressor contra ele próprio, ao invés de se opor a ela diretamente. Entretanto, com a restauração Meiji, um movimento político que pôs fim ao sistema feudal japonês e deu início a industrialização do país, a prestigiosa classe dos samurais perdeu sua importância original.


356 AC – O JIU-JITSU NA ÍNDIA

A partir desse ponto de vista, faz todo sentido associar os monges budistas da Índia de cerca de 2.000 anos antes de Cristo com as origens do Jiu-Jitsu.
O sistema de valores budista de profundo respeito a todas as formas de vida permitiu o desenvolvimento de um sistema de defesa pessoal que visasse neutralizar uma agressão sem necessariamente machucar o agressor. Envolvido por importantes princípios budistas como o de agir de um modo não-prejudicial ou da busca do domínio próprio e do esclarecimento, o Jiu-Jitsu atendeu muito bem as necessidades de defesa pessoal dos monges e se espalhou por toda a Ásia em direção a China e mais tarde ao Japão, seguindo a expansão do budismo no continente.


1700 – O JIU-JITSU NO JAPÃO – A ERA DE OURO E O DECLÍNIO DA ARTE SUAVE

Embora seja seguro presumir que versões rudimentares do Jiu-Jitsu tenham surgido em muitas culturas e em diferentes momentos, foi no Japão feudal do segundo milênio d. C. que a arte encontrou um terreno fértil que permitiu que ela se desenvolvesse e se estabelecesse como um estilo de combate muito difundido.
Num país dividido pelo sistema feudal, com cada feudo tendo seu próprio grupo de guerreiros – os samurais – o Jiu-Jitsu se tornou uma habilidade de luta necessária para a sobrevivência de combate. Mas o termo Jiu-Jitsu (jujutsu) não foi criado até o século 17 d. C., tornando-se, após esse período, um termo comum para uma grande variedade de treinamentos relacionados a luta corpo a corpo.
O Jiu-Jitsu se desenvolveu entre os samurais como uma maneira de derrotar, sem o uso de armas, um adversário armado e protegido com armadura. Por se mostrar ineficiente o ataque a um oponente com armadura, os praticantes aprenderam que os métodos mais eficazes de neutralizar um inimigo assumiam a forma de imobilizações, chaves em articulações e quedas. Estas técnicas foram desenvolvidas em torno do princípio do usando a energia de um agressor contra ele próprio, ao invés de se opor a ela diretamente.
Entretanto, com a restauração Meiji, um movimento político que pôs fim ao sistema feudal japonês e deu início a industrialização do país, a prestigiosa classe dos samurais perdeu sua importância original.
As radicais transformações políticas, culturais e sociais que aconteceram no Japão no século 19, fizeram o Jiu-Jitsu passar de uma arte de combate respeitável para prática ilegal, enquanto o governo se esforçava para repreender os combates sangrentos que estavam acontecendo entre os antigos e desempregados samurais e seus discípulos.



1882 – KANO JIU-JITSU

Jigoro Kano (1860-1938), membro do Ministério de Cultura e Artes Marciais do Japão, teve um papel importante no resgate da reputação do Jiu-Jitsu em momentos de paz.
Kano achava que o Jiu-Jitsu podia servir, não apenas como instrumento de luta, mas também como uma maneira eficaz de educar o indivíduo e permitir que homens e mulheres adotassem um estilo de vida mais equilibrado com o desenvolvimento do potencial de cada um. Em outras palavras, Kano percebeu que o Jiu-Jitsu poderia ser usado como uma poderosa ferramenta educacional capaz de favorecer o desenvolvimento de qualquer ser humano e o via como um apoio às metas japonesas de desenvolvimento social e econômico.
Complementando sua atualizada filosofia de treinamento, Kano se esforçou em adotar novos métodos de ensino e retirar técnicas perigosas. Estas mudanças permitiram aos praticantes treinos seguros, mas muito intensos, nos quais cada um podia dar tudo de si – o que hoje conhecemos como luta ou treino livre.



Esta nova abordagem filosófica e metodológica da prática do Jiu-Jitsu – que ficou conhecida na época como Kano Jiu-Jitsu e mais tarde como Judô – causou um impacto muito positivo na sociedade japonesa e ajudou o Jiu-Jitsu a recuperar sua posição social que vinha decaindo desde a restauração Meiji. Complementando a profunda filosofia e os inovadores métodos de treinamento de Kano, muitas regras foram introduzidas a fim de redefinir o foco da prática e a luta de chão – a parte principal do Jiu-Jitsu Brasileiro – foi menosprezada restringindo-se a poucos movimentos.
Isso criou um paradoxo interessante: embora as mudanças feitas por Kano tivessem contribuído tremendamente para a sobrevivência da tradição de uma arte marcial milenar, o foco nas quedas criou um estilo de luta fragmentado que perdeu a ligação com a essência do Jiu-Jitsu e com a realidade do combate de verdade. Paralelamente a reconquista da reputação do Jiu-Jitsu na sociedade japonesa, ocorreu um declínio da luta de chão, que reunia as habilidades mais eficazes que o Jiu-Jitsu tinha a oferecer.
Entre os excepcionais alunos de Kano estava Mitsuyu Maeda, um lutador que se beneficiou com as inovações de Kano, mas que tinha suas origens em outras escolas de Jiu-Jitsu que davam ênfase às habilidades de luta de chão e de defesa pessoal em situações reais de combate.
Maeda, que mais tarde ficou conhecido como Conde Koma, tinha habilidades acima da média e foi mandado ao exterior para ajudar a difundir o Jiu-Jitsu em diferentes culturas. Após viajar para muitos lugares incluindo os Estados Unidos, a América Central e Europa, Maeda desembarcou no Brasil em 1914. Aqui ele iria conhecer um jovem rapaz chamado Carlos Gracie e plantar a semente que manteria viva a essência do Jiu-Jitsu.



1914 – O JIU-JITSU CHEGA AO BRASIL MAEDA E CARLOS GRACIE PASSAM A SE CONHECER – CONDE KOMA

Um campeão por si só e aluno de Jigoro Kano, Maeda começou suas viagens ao exterior com um grupo que participava de desafios em todo o mundo. Em 1914, ele chegou ao estado do Pará, na região norte do Brasil, para ajudar a estabelecer a colônia japonesa na região.
Ao fixar residência em Belém do Pará, era natural que Maeda fizesse uso de suas notáveis habilidades de luta em demonstrações, apresentação e até em circos como forma de ganhar a vida e de disseminar a cultura japonesa.
Em uma de suas demonstrações, conheceu Gastão Gracie, de quem se tornou amigo. O Pai de oito filhos, cinco homens e três mulheres, Gastão tornou-se um entusiasta do Jiu-Jitsu e levou o seu filho mais velho, Carlos, então um jovem, para aprender a luta com o japonês.
Franzino por natureza, aos 15 anos, Carlos Gracie entusiasmou-se com a capacidade de Maeda em derrotar adversários muito maiores e mais fortes com sua técnica. Foi aí que Carlos Gracie encontrou no Jiu-Jitsu um meio de realização pessoal.



Os treinamentos sob a orientação de Maeda tiveram um impacto profundo em sua mente. Ele jamais havia sentido o nível de autocontrole e autoconfiança proporcionado pela prática do Jiu-Jitsu. A afinidade que podia sentir com o próprio corpo a cada treino fez com que Carlos passasse a ter uma compreensão maior de sua natureza, de suas limitações e de suas forças, e lhe trouxe um sentimento de paz que ele nunca tinha sentido antes.
Os momentos com Maeda não duraram muito tempo. Passados menos de 5 anos do dia em que começou a treinar, Carlos teve que se mudar para o Rio de Janeiro junto com seus pais e irmãos. Chegando a então capital do Brasil com 19 anos, Carlos Gracie encontrou dificuldade em se adaptar à nova vida e trabalhar num emprego normal. O desejo de aperfeiçoar e ensinar a arte que tinha aprendido com Maeda já estava vivo e ele decidiu ir à busca disso.
A profissão de professor de artes marciais no começo do século 20 no Brasil não era exatamente a mais promissora. O conhecimento que as pessoas tinham a respeito disso era praticamente inexistente, o que tornava muito difícil encontrar alunos dispostos a pagar para aprender. Mas Carlos Gracie optou pelo Jiu-Jitsu como um ideal pelo qual valia a pena lutar e o adotou com força e determinação.
Viajou para Belo Horizonte e depois para São Paulo, ministrando aulas e vencendo adversários bem mais fortes fisicamente. Em 1925, voltou ao Rio de Janeiro e abriu a primeira Academia Gracie de Jiu-Jitsu, na Rua Marquês de Abrantes, nº 106.
Com 23 anos de idade, Carlos Gracie conhecia bem os extraordinários benefícios que o Jiu-Jitsu poderia proporcionar à vida de uma pessoa e a fundação de uma escola representava um marco muito importante em seu projeto de fazer do Jiu-Jitsu um esporte nacional. A escola de Marquês de Abrantes não era exatamente o que se espera de uma organização pioneira e tão poderosa quanto à do Jiu-Jitsu Gracie. Com poucos recursos e preocupado com o bem estar de seus irmãos mais novos, tudo que Carlos poderia oferecer era uma pequena casa cuja sala de estar ele transformou numa área de treinamento. Nessa casa, Carlos juntou seus irmãos e os envolveu em seu projeto de vida. Ele sabia que seria impossível realizar um trabalho tão grande como esse sozinho e começou a ensinar os mais novos – Oswaldo (1904), Gastão (1906), George (1911) e Hélio (1913). A primeira geração de irmãos Gracie que morou e trabalhou nessa mesma casa parece ter criado o espírito da família que foi transmitido por gerações e que foi tão importante para o extraordinário sucesso que a Família Gracie alcançou ao longo dos anos.



1916 – CARLOS GRACIE

Carlos Gracie foi apresentado ao Jiu-Jitsu aos 14 anos de idade por Mitsuyu Maeda e se tornou um ávido aluno por alguns anos. Os treinamentos sob a orientação de Maeda tiveram um impacto profundo em sua mente. Ele jamais havia sentido o nível de autocontrole e autoconfiança proporcionado pela prática do Jiu-Jitsu.
A afinidade que podia sentir com o próprio corpo a cada treino fez com que Carlos passasse a ter uma compreensão maior de sua natureza, de suas limitações e de suas forças, e lhe trouxe um sentimento de paz que ele nunca tinha sentido antes. Os momentos com Maeda não duraram muito tempo. Passados menos de 5 anos do dia em que começou a treinar, Carlos teve que se mudar para o Rio de Janeiro junto com seus pais e irmãos. Chegando a então capital do Brasil com 19 anos, Carlos Gracie encontrou dificuldade em se adaptar à nova vida e trabalhar num emprego normal.
O desejo de ensinar a arte que tinha aprendido com Maeda já estava vivo e ele decidiu ir à busca disso. A profissão de professor de artes marciais no começo do século XX no Brasil não era exatamente a mais promissora. O conhecimento que as pessoas tinham a respeito disso era praticamente inexistente, o que tornava muito difícil encontrar alunos dispostos a pagar para aprender.



As únicas pessoas que davam valor no que Carlos Gracie tinha para ensinar eram os integrantes da Polícia e uma oportunidade para dar aulas finalmente apareceu para ele no estado de Minas Gerais. Devido ao seu espírito independente e sua convicção nas grandes coisas que o Jiu-Jitsu podia fazer para as pessoas comuns, tornou-se difícil para ele restringir seus ensinamentos à Polícia.
A paixão pelo Jiu-Jitsu e a dedicação de Koma em torná-lo um campeão fizeram o Carlos dar um novo sentido para sua vida. A partir de então, Carlos começou a utilizar e ver o Jiu-Jitsu como instrumento para ajudá-lo a encontrar seu rumo. Mais que isso, com o tempo ele optou pelo Jiu-Jitsu como um ideal pelo qual valia a pena lutar e o adotou com força e determinação.
Viajou para Belo Horizonte e depois para São Paulo, ministrando aulas e vencendo adversários bem mais fortes fisicamente. Em 1925, voltou ao Rio de Janeiro e abriu a primeira Academia Gracie de Jiu-Jitsu, na Rua Marquês de Abrantes, nº 106.
Com 23 anos de idade, Carlos Gracie conhecia bem os extraordinários benefícios que o Jiu-Jitsu poderia proporcionar à vida de uma pessoa e a fundação de uma escola representava um marco muito importante em seu projeto de fazer do Jiu-Jitsu um esporte nacional. A escola de Marquês de Abrantes não era exatamente o que se espera de uma organização pioneira e tão poderosa quanto à do Jiu-Jitsu Gracie. Com poucos recursos e preocupado com o bem estar de seus irmãos mais novos, tudo que Carlos poderia oferecer era uma pequena casa cuja sala de estar ele transformou numa área de treinamento. Nessa casa, Carlos juntou seus irmãos e os envolveu em seu projeto de vida. Ele sabia que seria impossível realizar um trabalho tão grande como esse sozinho e começou a ensinar os mais novos – Oswaldo (1904), Gastão (1906), George (1911) e Hélio (1913). A primeira geração de irmãos Gracie que morou e trabalhou nessa mesma casa parece ter criado o espírito da família que foi transmitido por gerações e que foi tão importante para o extraordinário sucesso que a Família Gracie alcançou ao longo dos anos.



1925 – A PRIMEIRA ESCOLA GRACIE É FUNDADA – O CLÃ DOS GRACIE

A primeira Escola Gracie foi fundada em 1925 na Rua Marquês de Abrantes, n° 106 no Rio de Janeiro. Com 23 anos de idade, Carlos Gracie conhecia bem os extraordinários benefícios que o Jiu-Jitsu poderia proporcionar à vida de uma pessoa e a fundação de uma escola representava um marco muito importante em seu projeto de fazer do Jiu-Jitsu um esporte nacional.
A escola da Marquês de Abrantes não era exatamente o que se espera de uma organização pioneira e tão poderosa quanto a do Jiu-Jitsu Gracie. Com poucos recursos e preocupado com o bem estar de seus irmãos mais novos, tudo que o Carlos podia oferecer era uma pequena casa cuja sala de estar ele transformou numa área de treinamento.
Nessa casa, Carlos juntou seus irmãos e os envolveu em seu projeto de vida. Ele sabia que seria impossível realizar um trabalho tão grande como esse sozinho e começou a ensinar os mais novos – Oswaldo (1904), Gastão (1906), George (1911) e Hélio (1913).
A primeira geração de irmãos Gracie que morou e trabalhou nessa mesma casa parece ter criado o espírito da família que foi transmitido por gerações e que foi tão importante para o extraordinário sucesso que a Família Gracie alcançou ao longo dos anos.





OS IRMÃOS GRACIE

CARLOS GRACIE

Responsável pela transformação e aperfeiçoamento do Jiu-Jitsu japonês, criador do Jiu-Jitsu Brasileiro ou Gracie Jiu-Jitsu. Foi o professor e mentor dos irmãos, e criador da Dinastia Gracie.


GEORGE GRACIE

Nascido em 1911, o “Gato Ruivo”, como era conhecido, recebeu atenção especial de Carlos por suas excepcionais habilidades. Talvez isso explique o porquê dele ter sido o que mais participou de disputas de MMA e de Jiu-Jitsu entre os irmãos. Além de grande lutador, George foi professor, contribuindo muito para a disseminação do Jiu-Jitsu em diferentes regiões do Brasil.



GASTÃO GRACIE JR.

Quando a Escola Gracie foi aberta, Gastão Gracie estava com apenas 19 anos de idade e já tinha um conhecimento básico de Jiu-Jitsu. Já que não gostava de lutar, ele ficou responsável pelas aulas e pela parte administrativa e continuou seus estudos até se formar.


OSWALDO GRACIE

Com vinte e poucos anos, Oswaldo também era um lutador muito talentoso. Como tal, ele ajudou a consagrar o nome Gracie e sua contribuição como instrutor na escola de Carlos também foi muito importante. Em 1934, Oswaldo se mudou para Belo Horizonte e abriu uma Escola Gracie seguindo a mesma estrutura de programa criada por Carlos Gracie na Escola de Marquês de Abrantes. Anos mais tarde, ele se tornou instrutor da Polícia local, posição que manteve até o fim da vida. Apesar de morar em outro estado, ele nunca perdeu o contato com seus irmãos. Oswaldo lutou muitas vezes e ficou famoso por seu combate com João Baldi, um lutador de Greco-Romana duas vezes maior que ele. Oswaldo finalizou a luta com um estrangulamento em menos de um minuto.


HÉLIO GRACIE

Hélio Gracie era criança quando a escola de Marquês de Abrantes abriu suas portas em 1925. Aos 12 anos de idade, ele era novo demais para ajudar com as aulas ou na administração da escola.
Carlos Gracie estava muito ocupado com as aulas e com a gestão do negócio e, por essa razão, as primeiras aulas de Jiu-Jitsu Brasileiro de Hélio foram delegadas aos seus irmãos Gastão e Oswaldo. Foi só mais tarde que Carlos começou a notar o talento de Hélio e passou, então, a dedicar mais tempo para ensiná-lo e treiná-lo.
A baixa estatura e a condição física relativamente frágil de Hélio dificultavam a execução correta de algumas posições. A fim de se desenvolver e ganhar a atenção e admiração de seus irmãos mais velhos, especialmente a de Carlos, Hélio teve que procurar maneiras alternativas que funcionassem para ele. Suas descobertas enfatizavam o sistema de alavanca e a escolha do momento oportuno para agir, em vez de força e rapidez.
As adaptações das técnicas que Hélio aprendeu com seus irmãos foram dominadas através de tentativa e erro e o resultado final disso acabou se tornando o avanço e o refinamento do Jiu-Jitsu Gracie. Sob a tutela de seu irmão, instrutor e mentor Carlos, Hélio participou de inúmeras lutas, inclusive uma com duração de 3h e 43min contra Valdemar Santana, um ex-aluno. A coragem, a persistência e a disciplina de Hélio fizeram dele um herói nacional.
Na medida em que foi ficando mais velho, Carlos passou a se dedicar mais a sua pesquisa sobre nutrição e exercícios e a se empenhar em sua busca por esclarecimento espiritual. Hélio, então, assumiu o controle do negócio da família e se envolveu diretamente com a administração da Escola Gracie, a essa altura uma instalação muito maior localizada na Av. Rio Branco no centro do Rio de Janeiro.

Carlos, Gastão, Oswaldo, George e Hélio formaram a primeira geração de lutadores Gracie. Apesar de Carlos e Hélio terem se tornado muito próximos e de terem trabalhado e morado juntos por décadas, os cinco irmãos deram uma enorme contribuição para o crescimento do Jiu-Jitsu no Brasil na primeira metade do século 20.
Carlos também lhes transmitiu sua filosofia de vida e conceitos de alimentação natural, sendo um pioneiro na criação de uma dieta especial para atletas, a Dieta Gracie, transformando o Jiu-Jitsu em sinônimo de saúde.



1970 – A ERA “ROLLS GRACIE”

UMA HOMENAGEM A UM DOS LUTADORES MAIS TALENTOSOS DA HOSTÓRIA DO JIU-JITSU

Na década de 70, foi um dos filhos de Carlos Gracie, Rolls Gracie, o grande responsável pelo início de uma “nova era” no Jiu-Jitsu. Muitos apontam “Roles” (como os amigos e a família o chamavam) como o elo entre o “Jiu-Jitsu antigo” e o “Jiu-Jitsu moderno”, praticado atualmente.
O país atravessava um momento político tumultuado em função da ditadura militar e o Jiu-Jitsu estava perdendo o seu glamour já que a cobertura da mídia não era tão grande quanto antes. Utilizando seu talento, carisma e suas habilidades de liderança, Rolls influenciou uma geração inteira de jovens do Rio de Janeiro com relação a prática do Jiu-Jitsu, do Surf e de um estilo de vida saudável.
Rolls Gracie, extremamente talentoso e empenhado em treinar para atingir seu potencial máximo como lutador, também tinha uma mente bastante aberta e um desejo grande de aprender qualquer coisa que pudesse melhorar seu Jiu-Jitsu. O que impressionava muitas pessoas não era apenas sua condição física e suas técnicas afiadas, mas também seu perfil moral e seu compromisso em alcançar a melhor condição.
Durante sua adolescência, Rolls teve a oportunidade de visitar muitos países e de aprender Sambo, Judô e Luta Greco-Romana. Faixa Preta aos 16 anos, Rolls se tornou um jovem forte e definido com grande visão do Jiu-Jitsu e de sua carreira como lutador e professor.



Uma das formas que ele encontrou para desenvolver o esporte foi disputando campeonatos, conseguindo, assim, que mais pessoas passassem a praticá-lo. Em 1976, participou de seu primeiro Vale Tudo depois que um professor de Karatê o desafiou questionando a eficiência do Jiu-Jitsu durante uma demonstração em um programa de televisão.
O desafio foi prontamente aceito e muitas lutas foram acertadas entre lutadores de Jiu-Jitsu e de Karatê para uma determinada data.
Todos os lutadores de Jiu-Jitsu venceram nesse dia, mas o evento principal era, certamente, o que atraía mais atenção. Rolls Gracie e o Mestre de Karatê lutaram por alguns minutos e, então, Rolls aplicou uma bela queda, dominou as costas de seu adversário e finalizou a luta com um mata-leão.
Rolls também abriu sua própria Escola Gracie seguindo o modelo criado por Carlson e que, pouco tempo depois, seria seguido por muitos membros da segunda geração da Família Gracie. Muito próximo do irmão mais velho Carlson, Rolls dividia com ele a mesma instalação na qual davam aulas em dias alternados. Infelizmente, aos 31 anos de idade, Rolls Gracie veio a falecer num acidente de asa delta no Rio de Janeiro. Seu legado ainda está muito presente entre nós.